Sim, sim. Não, não.

Sempre me considerei uma pessoa com dificuldade aguda em dizer não. Nunca fui muito boa em negar favores, perdões, afetos. Mesmo quando não são exatamente o que quero, termino fazendo, só por não saber como usar a palavra mágica "não". Parece simples, mas nem é tanto. É fácil terminar como refém de algo que não se quer dizer. "Não posso". "Não vou". "Não quero". "Não gosto". É costumeiro, pelo menos para mim, as negações ficarem presas na garganta. No lugar delas, um enorme silêncio. Não sei quem determinou que "quem cala, consente", mas essa é a interpretação utilizada, no geral. Acredito mesmo que quem cala pode apenas não saber como falar, como tantas e tantas vezes é o meu caso. Mas silêncios são complicados de se interpretar. A única maneira possível de se fazer entender com clareza é a fala. Há tempos detectei minha insuficiência de nãos e venho tentando exterminá-la.
Mas de repente me vi pensando: e os sins que também me nego a dizer? Deixo de dizer não por receio de tensões, ressentimentos, desentendimentos, mágoas (embora meus silêncios às vezes me levem a posições que me machuquem). Mas e quando deixo de dizer sim? Às vezes é medo de dizer sim e receber um não de volta. Outras vezes, é só um medo desmedido e sem propósito do desconhecido, mesmo quando ele pode ser bom. Medo de dizer um sim e receber outro em troca. Medo de ser feliz e não saber o que vem depois. Por não conhecer a sensação, medo de experimentá-la. Medo de assumir riscos e seguir qualquer estrada que me obrigue a deixar o meu lugar quentinho, conhecido, confortável, comum. Sim, eu também tenho medo de sins.
Existem sins que precisam ser ditos e não há silêncio que possa deixá-los subentendidos. Dizer sim ou não exige a mesma parcela de coragem. É necessário negar o que não nos faz bem, ou que simplesmente não queremos. Não somos obrigados a nada. Por outro lado, é preciso ser corajoso no mesmo tanto para não paralisar diante do novo e abraçá-lo. Quem para não vive, porque vida é movimento. Ninguém veio a este mundo para ficar parado.
No final das contas, creio que o sim seja a chave. Para dizer sim e não quando se deve, antes é preciso dizer um SIM enorme a si mesmo. Feito isto, fica mais fácil optar pelo que se quer, se precisa e que é melhor para nós. Depois do grande autossim, vêm enfileirados o autoamor, a coragem... E os sins e nãos em seus devidos lugares, por consequência.

♫ Sim - Sandy

Comentários

Postagens mais visitadas