Eu vou. Por que não?

@jogueiareguafora

A gente tem que se reinventar sempre que der. E principalmente, a gente tem que se reinventar sempre que a vida encurralar a gente em becos sem saída. Ela tem mania disso, mas não é por mal, não. Cabe a nós o desdobramento que cria uma escapatória das nossas vielas. Elas são várias ao longo de nossa existência, com diversos nomes e propósitos. Nenhum dos muros que nos aparecem são intransponíveis. Há sempre uma pedra que dá para usar para tomar impulso, um buraco onde encaixar o pé para começar a escalada. E há sempre que haver coragem. Sem ela, de nada adiantam as mil maneiras de reinvenção gritando na nossa frente, querendo a nossa atenção. Quantos primeiros passos não adiamos ou deixamos de dar, por medo?
A vida nos cobra movimento. Um coração que pulsa, um pulmão que se enche de ar ou um cérebro que comanda toda a sua maquinaria podem atestar que você não está morto. Mas estar vivo é muito mais que apenas isso. Viver é mover-se. Constantemente. Mover-se a cada queda ou cada voo alçado. Viver é sempre agora, mas novos agoras chegam a  todo instante. A vida não para e exige de nós que a sigamos.
Às vezes mexer-se assusta. Nunca se sabe quando o próximo passo nos encaminha a um abismo ou a um terreno de areia movediça. Nem sempre dá para prever o que o solado do pé vai encontrar. Às vezes a vida está com baixa luminosidade e não dá exatamente para saber onde se pisa, quando se está escuro. Mas passos em falso acontecem também no claro. Ninguém está isento. Nascemos para ir. E como seres nascidos para tal, devemos cumprir nosso papel mesmo que o medo venha. Que nada nos impeça de ir.
Eu, toda medrosa e encanada, dei de querer ir com medo e tudo. Tenho ido. Com o tempo descobri que meu medo de ir é menor que o de ficar. E é assim que tem que ser. Não sou boa com contas, mas essa matemática é simples. Me dói mais a sensação de estagnação do que o frio na barriga - que irradia por todo o corpo - do primeiro passo rumo ao que eu não sei. E aí eu vou. E se eu sou capaz de encontrar a coragem mínima para ir, tomo mundo é. Vamos?