Nem sempre ganhando, nem sempre perdendo

@jogueiareguafora
De uma maneira ou de outra, aprendemos. Nada é em vão. Tudo pode nos deixar algo de positivo. Talvez esse seja o grande mistério da vida. A grande graça. O grande prazer. O grande propósito. Estar aqui neste mundo é permitir que sins e nãos tenham o mesmo peso de coisas a nos acrescentar.
Na teoria, claro, é tudo muito mais simples. É até bonito dizer que as adversidades são educativas. Difícil é achar que a dor vai lhe trazer algum bem, enquanto ainda está doendo. Quando a vida sopra muito forte, é difícil não desabar. Uma vez tendo desabado, é complicado conseguir vislumbrar outra coisa que não o chão. E eis aí o desafio. Ouvir o chão. Porque o chão, frequentemente, tem algo a nos dizer. As nossas próprias lamúrias é que costumam nos impedir de escutar.
Tudo é evolução, no fim das contas. Nascemos para viver em construção até a morte. E cada tijolo conta. Até os que nos são arremessados meio sem jeito, depois encontram um lugar em nossas paredes crescentes. E permanecem lá, eternamente parte do que somos.
Tudo contribui, seja como for. Mesmo os dias amargos têm suas dádivas. "É preciso estar atento e forte", como diz a música. É preciso também serenidade para aceitar o que não entendemos. As coisas nem sempre saem como desejamos. Há perdas que são ganhos e nem nos damos conta na hora. Aí esbravejamos. Acontece. Mas é fundamental ser sereno nesses momentos. Não perder a fé, seja em qual força pela qual você creia ser regido.
Tem uma frase de Caio Fernando Abreu que diz "todos os dias, logo cedo dou uma piscadinha para Deus e peço: 'tomara que as nossas vontades coincidam. E se não coincidirem, que a Sua prevaleça'." Uso esse pensamento diariamente nas minhas orações. E peço sempre serenidade para aceitar a vontade do "Cara" acima da minha, quando elas divergem.
Para estar neste mundo é preciso saber que viver é uma construção e algumas peças demoram mais para se encaixar que outras. E ainda, que algumas não vão finalmente ocupar os seus lugares sem antes nos causar alguma dor. Na vida, a matemática não é convencional: até as subtrações são somas. No fim das contas, seguimos assim: "nem sempre ganhando, nem sempre perdendo, mas aprendendo a jogar."

♫ Elis Regina - Aprendendo a Jogar

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